
A chamada “Janja versão evangélica”, que durou menos de dois minutos, foi marcada por uma fala incisiva: “não tem outra pessoa que vai fazer isso pela gente. Somos nós mesmas que temos que nos colocar” .
Para muitas evangélicas presentes, essa mensagem destoou dos valores do grupo, que acreditam que a força e a inspiração vêm de Jesus Cristo e não exclusivamente da ação humana. Ao priorizar a autoconfiança, Janja teria, segundo esse entendimento, desconsiderado a centralidade da fé cristã como fonte de empoderamento espiritual .
Pastoras consultadas apontaram que o problema não está na religiosidade da primeira-dama ou em seu vínculo com o candomblé, mas sim na aparente afinidade limitada com os valores evangélicos, especialmente em pautas sensíveis como o aborto. Além disso, criticaram que o diálogo só ocorre em ano pré-eleitoral .
O cientista político Bruno Soller avaliou que a escolha da Igreja Batista Adonai pode ter sido uma tentativa de aproximar-se de um segmento evangélico mais moderado, em contraste com o tradicionalismo neopentecostal alinhado à direita e ao bolsonarismo. Ele destacou, entretanto, que a abordagem empregada “não convence” esse público conservador .
Detalhes adicionais do encontro
- O evento ocorreu em 14 de agosto, em Salvador, com a participação também da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. Janja classificou o momento como uma “manhã especial de diálogo” .
- A iniciativa fez parte de uma agenda que incluiu visitas simultâneas a comunidades e terreiros de Candomblé, parte de ações do governo para dialogar com diferentes segmentos religiosos .
