Nesta quarta-feira, o ex-presidente Jair Bolsonaro participou, de forma virtual, do CPAC Argentina, o maior evento conservador do mundo, realizado em Buenos Aires. Bolsonaro foi um dos primeiros palestrantes do dia e utilizou sua participação para elogiar medidas adotadas pelo presidente argentino, Javier Milei, bem como reforçar a importância de valores como liberdade e enfrentamento de desafios econômicos.
Durante seu discurso, Bolsonaro destacou as decisões econômicas difíceis tomadas por Milei desde que assumiu a presidência, apontando que essas medidas, embora inicialmente impopulares, estão sendo cada vez mais compreendidas pela população argentina. O ex-presidente comparou a situação atual da Argentina aos esforços de recuperação econômica realizados em seu governo, sob a liderança de Paulo Guedes como ministro da Economia. Ele afirmou que, assim como o Brasil superou obstáculos econômicos em sua gestão, a Argentina também poderá vencer seus desafios se mantiver um compromisso com políticas de liberdade econômica.
Bolsonaro também aproveitou para mencionar a relevância da liberdade como pilar fundamental para o desenvolvimento de qualquer nação. Em sua visão, a defesa desse valor deve nortear tanto as decisões políticas quanto as econômicas, permitindo que os países prosperem mesmo em cenários adversos.
Outro ponto abordado no discurso foi a política internacional, com destaque para a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos e a promessa do ex-presidente americano de conceder anistia a todos os envolvidos na invasão do Capitólio em janeiro de 2021. Bolsonaro vinculou essa possibilidade ao contexto brasileiro, manifestando sua esperança de que uma anistia também seja concedida aos presos pelos atos de vandalismo ocorridos em Brasília no dia 8 de janeiro deste ano. Ele atribuiu os eventos à atuação da esquerda e não a uma articulação da direita, conforme declarou em sua fala.
O ex-presidente brasileiro enfatizou que Trump, caso retorne ao poder, dará um passo importante ao conceder anistia nos Estados Unidos, e que isso deve servir como exemplo para o Brasil. “O que aconteceu no dia 8 de janeiro não foi programado pela direita, mas pela esquerda. E teve esse final”, afirmou Bolsonaro, reiterando a narrativa de que os eventos em Brasília foram resultado de ações coordenadas por adversários políticos.
Bolsonaro encerrou sua participação reafirmando seu compromisso com o movimento conservador internacional e agradecendo o convite para o evento. Ele também lamentou não poder estar presente pessoalmente em Buenos Aires devido a restrições impostas pela Justiça brasileira. Por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro está proibido de deixar o Brasil, o que impossibilitou sua viagem ao CPAC Argentina.
O evento, que reúne lideranças e representantes de movimentos conservadores de diferentes partes do mundo, tornou-se um espaço de destaque para discussões sobre política, economia e valores sociais alinhados ao espectro político da direita. A presença virtual de Bolsonaro reforçou sua posição como uma das figuras mais influentes do conservadorismo na América Latina e reafirmou sua disposição de continuar participando ativamente do cenário político internacional.
No entanto, a participação de Bolsonaro no evento também gerou reações dentro do Brasil. Seus opositores criticaram a insistência em pautas relacionadas aos atos antidemocráticos de 8 de janeiro e à tentativa de transferir responsabilidades por esses eventos. Defensores, por outro lado, consideraram o discurso uma reafirmação da importância da liberdade e da necessidade de resistir a narrativas que buscam enfraquecer o movimento conservador.
O CPAC Argentina, que ocorre em um momento de transição política no país, com Javier Milei assumindo a presidência, tornou-se palco para discussões sobre as mudanças estruturais que a nova gestão pretende implementar. As medidas propostas por Milei, incluindo cortes no orçamento público e reformas para estimular a economia de mercado, têm dividido opiniões dentro e fora da Argentina. Para os conservadores, no entanto, Milei representa uma oportunidade de romper com políticas intervencionistas e abrir caminho para um modelo de gestão mais alinhado aos princípios da liberdade econômica.
A participação de Bolsonaro no evento também reflete sua estratégia de manter relevância no cenário político, mesmo diante das restrições impostas pela Justiça brasileira. Seu discurso no CPAC Argentina reforça a conexão entre lideranças conservadoras da região e a importância de alianças estratégicas para enfrentar desafios políticos e econômicos comuns.
Com discursos alinhados e a busca por uma agenda conservadora conjunta, eventos como o CPAC se consolidam como espaços para fortalecer o movimento e articular estratégias para o futuro político da região. A presença de Bolsonaro, ainda que virtual, reforça sua posição como um dos protagonistas dessa articulação, especialmente em um contexto de mudanças significativas na América Latina.