O ex-presidente Jair Bolsonaro solicitou ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorização para comparecer à missa de sétimo dia em memória de Leila Caran Costa, mãe do presidente nacional do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto. A cerimônia religiosa está prevista para a próxima segunda-feira, dia 9. A antecipação do pedido ocorre após o líder conservador ter recebido, "em cima da hora", permissão para comparecer ao velório, realizado na terça-feira (3), em Mogi das Cruzes, na Região Metropolitana de São Paulo.
De acordo com a defesa de Bolsonaro, a decisão anterior de Moraes, que autorizou a presença no velório, foi emitida tarde demais, impossibilitando o deslocamento do ex-presidente em tempo hábil para a cerimônia. Com isso, o ato fúnebre contou apenas com a presença da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, presidente nacional do PL Mulher, que representou Bolsonaro durante o evento. Michelle chegou ao local por volta das 16h, acompanhou o velório ao lado de Valdemar Costa Neto e participou do sepultamento realizado no Cemitério São Salvador.
A relação entre Bolsonaro e Valdemar, ambos figuras centrais no Partido Liberal, tem sido marcada pela impossibilidade de comunicação direta imposta por decisão de Moraes. Há 300 dias, a medida vigora como parte das investigações no inquérito que apura um suposto planejamento de golpe de Estado. Apesar da restrição, a morte de Leila Caran Costa trouxe um momento de aproximação simbólica, ainda que mediada pela representação de Michelle Bolsonaro.
A decisão de Moraes sobre a nova solicitação de Bolsonaro para participar da missa de sétimo dia será acompanhada de perto. Caso autorizada, será mais um capítulo da relação tensa entre o ex-presidente e a Suprema Corte, que tem imposto sucessivas limitações à sua liberdade de movimento desde o início das investigações. A defesa do ex-presidente, por sua vez, reforça que o pedido tem caráter estritamente humanitário, destacando o respeito de Bolsonaro pela memória de Leila Caran Costa e sua longa relação de parceria política com Valdemar Costa Neto.
A situação expõe a complexidade do momento político vivido pelo ex-presidente, que, mesmo afastado do poder, continua a enfrentar desafios legais e judiciais significativos. Desde que deixou a presidência, Bolsonaro tem se mantido como uma figura polarizadora no cenário político brasileiro, liderando a oposição ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva e mobilizando sua base de apoio em defesa de temas caros ao espectro conservador.
No contexto do Partido Liberal, a morte de Leila Caran Costa também trouxe demonstrações de solidariedade por parte de líderes e parlamentares ligados à legenda. A cerimônia de despedida foi marcada por manifestações de apoio a Valdemar Costa Neto, que, além de liderar o partido, é visto como um dos principais articuladores políticos da direita brasileira. A missa de sétimo dia, se contar com a presença de Bolsonaro, poderá servir como um momento de demonstração pública da unidade do partido em meio aos desafios enfrentados por suas lideranças.
O episódio também reflete os desafios enfrentados por figuras públicas ao buscar conciliar questões pessoais e familiares com as limitações impostas por processos judiciais em curso. A participação de Bolsonaro na missa de sétimo dia, caso autorizada, poderá ser vista como um gesto de respeito e solidariedade em um momento de luto, mas também carregará inevitavelmente implicações políticas.
No cenário mais amplo, a relação entre Bolsonaro e o STF continua a ser um dos pontos centrais do debate político no Brasil. Enquanto o ex-presidente enfrenta investigações e restrições, sua base de apoio mantém uma postura crítica em relação ao papel da Suprema Corte, frequentemente acusada de agir de forma politicamente motivada. Por outro lado, o STF defende suas decisões como fundamentais para a preservação da ordem democrática e do Estado de Direito.
A solicitação de Bolsonaro para participar da missa de sétimo dia será mais um teste para a capacidade de equilíbrio entre as demandas legais e as questões humanas que emergem em momentos de perda e solidariedade. O desfecho dessa situação poderá oferecer mais elementos para entender o atual estado da política brasileira, onde os limites entre o pessoal e o político frequentemente se misturam em um cenário de alta polarização.