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O governo federal do Brasil anunciou a criação de um grupo de trabalho voltado para investigar o fluxo econômico das organizações criminosas no Rio de Janeiro. A iniciativa, que contará com o apoio do governo estadual, foi divulgada pelo secretário de Segurança Nacional do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Mário Sarrubo, durante uma visita ao secretário de Segurança Pública do Rio, Victor Césa Santos. Este encontro ocorreu em um contexto delicado, logo após uma operação da Polícia Militar que resultou na morte de três pessoas e em um tiroteio que fechou a Avenida Brasil.
O grupo de trabalho, que será coordenado pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), terá início em breve, com foco no mapeamento financeiro das organizações criminosas que operam na região. Essa nova abordagem visa criar uma rede de inteligência para combater essas organizações de maneira estruturada. O secretário Victor Santos enfatizou a importância de atacar a estrutura financeira dessas entidades, afirmando que desmantelar sua capacidade financeira é fundamental para reduzir sua influência territorial e sua capacidade de aquisição de armamento.
Sarrubo, por sua vez, destacou que essa operação reunirá diversas forças de segurança, uma estratégia que se diferencia de ações anteriores, que costumavam envolver apenas policiais. Ele ressaltou que a iniciativa não se limita a uma operação policial tradicional. O objetivo é compreender o ciclo econômico que sustenta o crime organizado, investigar as origens e destinos do dinheiro gerado por essas atividades ilícitas e entender como armas, como fuzis, chegam ao estado do Rio de Janeiro.
O secretário apontou que a análise aprofundada da economia do crime em áreas específicas permitirá uma abordagem mais eficaz no combate a essas organizações. “Estamos pensando agora em estruturar uma rede de inteligência que possa entender e analisar a economia do crime em determinados territórios”, afirmou Sarrubo, sublinhando a necessidade de uma mudança na forma de enfrentar o problema.
Victor Santos complementou essa visão, afirmando que o objetivo final é substituir a economia do crime pela economia legal, que não apenas gera renda, mas também impostos que podem ser revertidos em benefícios para a sociedade. Ele mencionou que a criação de uma sociedade civil organizada é uma das metas a serem alcançadas através desse esforço conjunto.
Essa nova abordagem surge em um momento em que a segurança pública no Rio de Janeiro enfrenta desafios crescentes, especialmente em áreas marcadas pela violência e pelo domínio do tráfico de drogas e outras atividades criminosas. A morte de civis durante operações policiais tem gerado críticas e levantado questões sobre a eficácia das táticas utilizadas até o momento. Por isso, a criação do grupo de trabalho é vista como uma tentativa de implementar uma estratégia mais abrangente e menos focada apenas na repressão policial.
O esforço também é um reflexo da crescente preocupação das autoridades em relação ao impacto das organizações criminosas na sociedade e na economia local. A interligação entre o crime organizado e a economia formal é um fenômeno que vem sendo observado em diversas partes do Brasil, e o governo federal, em parceria com o estado, busca agora desarticular esse vínculo.
Além do mapeamento econômico, o grupo de trabalho deverá trabalhar na formação de parcerias com outras instituições e setores da sociedade civil, promovendo uma abordagem multidisciplinar. A ideia é que, ao entender melhor como as organizações criminosas operam financeiramente, as forças de segurança possam desenvolver estratégias mais eficazes para desarticular essas redes e prevenir a violência.
O impacto dessas ações pode ser significativo, não apenas na redução da criminalidade, mas também na promoção de uma cultura de legalidade e na melhoria das condições sociais das comunidades afetadas pelo crime organizado. A expectativa é que, ao retirar o suporte financeiro das organizações criminosas, as autoridades consigam reduzir sua capacidade de operação e, por consequência, o nível de violência associado a essas atividades.
Com essa nova iniciativa, o governo federal e estadual esperam que o Rio de Janeiro possa avançar em direção a um ambiente mais seguro e que a população possa viver com mais tranquilidade, longe da sombra do crime organizado. A criação do grupo de trabalho é, portanto, um passo importante em uma longa jornada em busca de soluções efetivas para os problemas de segurança pública que afligem a cidade.