Nesta terça-feira, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirmou que não há perseguição nem direcionamento político nas ações da Polícia Federal, rebatendo acusações feitas pelos senadores Jorge Seif e Flávio Bolsonaro, ambos do PL. Os parlamentares alegaram que a corporação tem conduzido investigações e indiciamentos de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro com o objetivo de enfraquecer o político conservador.
Durante uma audiência no Senado, Lewandowski qualificou as declarações dos senadores como graves e defendeu a atuação da Polícia Federal como sendo técnica e isenta de qualquer interferência política. Ele afirmou que a PF é uma instituição republicana e de excelência, destacando seu caráter independente e a ausência de ingerências, seja do Ministério da Justiça, de outras pastas ou mesmo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O ministro, que estava acompanhado dos diretores-gerais da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal, enfatizou que, como ex-ministro do Supremo Tribunal Federal e juiz por 34 anos, jamais permitiria qualquer tipo de direcionamento nas atividades da PF. Ele ressaltou que os inquéritos conduzidos pela corporação são baseados exclusivamente em critérios técnicos e obedecem rigorosamente à legislação brasileira. Lewandowski também reafirmou que a Polícia Federal não é uma instituição de governo, mas de Estado, reforçando sua autonomia frente a possíveis interesses políticos.
As declarações de Lewandowski foram feitas em meio a um contexto de polarização política no país, com diversas investigações em curso envolvendo figuras do Partido Liberal, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro. Entre os casos recentes, estão as apurações sobre os atos antidemocráticos de 8 de janeiro e a suposta trama para um golpe de Estado após as eleições de 2022. Esses episódios resultaram em prisões, indiciamentos e no aprofundamento das tensões entre o governo e a oposição.
Os senadores Jorge Seif e Flávio Bolsonaro vêm criticando o que consideram um uso político da Polícia Federal para atingir adversários do governo Lula. Para eles, há uma tentativa deliberada de enfraquecer o legado de Jair Bolsonaro e de associá-lo a práticas ilegais, comprometendo sua imagem perante a opinião pública e criando barreiras para suas pretensões políticas futuras.
Flávio Bolsonaro, em declarações recentes, também sugeriu que o ex-presidente poderia recorrer a tribunais internacionais caso seja denunciado por tentativa de golpe, alegando que ele é alvo de perseguição política. Esse discurso tem sido reiterado por aliados do ex-presidente, que frequentemente denunciam o que chamam de judicialização seletiva contra figuras conservadoras.
Por outro lado, Lewandowski procurou afastar qualquer dúvida sobre a imparcialidade das investigações. Ele ressaltou que o trabalho da Polícia Federal tem sido feito com total independência e que as ações tomadas estão fundamentadas em provas e no respeito ao devido processo legal. Para ele, é essencial garantir a credibilidade das instituições públicas, especialmente em um momento em que a confiança da população nas estruturas do Estado é fundamental para a consolidação da democracia.
A audiência no Senado também foi marcada por discussões sobre a relação entre o Executivo e as forças de segurança, com parlamentares da base do governo defendendo o trabalho da PF como um exemplo de atuação republicana e transparente. Eles destacaram que as investigações não devem ser vistas como uma perseguição, mas como uma resposta necessária a eventos que desafiaram as bases da ordem democrática no país.
Apesar da defesa enfática do ministro, as críticas da oposição refletem a continuidade do embate político que caracteriza o cenário brasileiro desde o período eleitoral. A oposição questiona a imparcialidade das ações das instituições de justiça, enquanto o governo e seus aliados afirmam que os processos são legítimos e baseados em fatos.
O posicionamento de Lewandowski na audiência buscou reforçar a imagem de uma Polícia Federal comprometida com o Estado de Direito e distante de qualquer tipo de manipulação política. Para ele, essa é uma condição indispensável para que o país supere a atual fase de polarização e recupere a confiança nas instituições.
Enquanto isso, as investigações continuam e prometem manter o tema na pauta política. A resposta às críticas e a condução das ações pelas instituições envolvidas serão determinantes para definir os rumos do debate público sobre a independência e a atuação da Polícia Federal.