A Polícia Federal realizou nesta terça-feira uma operação de grande envergadura contra uma organização criminosa acusada de planejar o assassinato de autoridades do alto escalão do governo brasileiro. Entre os alvos dos supostos planos estavam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. Segundo informações divulgadas, os detalhes do plano foram descobertos em uma investigação autorizada por Moraes, que também é relator do caso.
De acordo com a decisão judicial, o grupo pretendia utilizar métodos sofisticados para realizar os assassinatos. Um dos documentos investigados revela que os conspiradores cogitaram envenenar o presidente Lula, aproveitando sua vulnerabilidade de saúde e frequentes visitas a hospitais. A ação, planejada para dezembro de 2022, visava desestabilizar o governo eleito, impedir sua posse e facilitar um golpe de Estado. O plano previa também o assassinato de Geraldo Alckmin e de Alexandre de Moraes, monitorado continuamente pelos investigados.
O material investigado aponta Mario Fernandes, general da reserva e ex-assessor da Presidência de Jair Bolsonaro, como um dos mentores do esquema. Ele teria elaborado um documento nomeado inicialmente como “Fox_2017.docx”, contendo um planejamento descrito como terrorista, com informações detalhadas para execução de operações de alto risco. Além de Mario Fernandes, outros membros do grupo também foram identificados, incluindo oficiais das Forças Armadas e um policial federal, todos supostamente integrantes de uma organização conhecida como “kids pretos”.
Os codinomes utilizados pelos investigados para se referir às autoridades também chamaram a atenção dos investigadores. Lula era chamado de “Jeca”, Alckmin de “Joca” e Moraes de “professora”. O plano, denominado “Punhal Verde e Amarelo”, tinha como data prevista de execução o dia 15 de dezembro de 2022, três dias após a diplomação de Lula no Tribunal Superior Eleitoral. Além dos assassinatos, o grupo planejava criar um “Gabinete Institucional de Gestão de Crise” para lidar com as consequências das ações.
Durante a operação, a Polícia Federal cumpriu cinco mandados de prisão preventiva, três de busca e apreensão, além de 15 medidas cautelares. As ações ocorreram em diversos estados, incluindo Rio de Janeiro, Goiás, Amazonas e o Distrito Federal, com apoio do Exército. Entre os alvos dos mandados de prisão estão Mario Fernandes, Hélio Ferreira Lima, tenente-coronel do Exército Brasileiro, Rafael Martins de Oliveira, major do Exército e especialista em forças especiais, Rodrigo Bezerra de Azevedo, major do Exército e mestre em Ciências Militares, e Wladimir Matos Soares, policial federal.
A investigação, conduzida em sigilo até o momento da operação, destaca que os atos planejados pelo grupo configuram grave ameaça à ordem democrática e à segurança nacional. O nível de detalhamento encontrado nos documentos levantou preocupações adicionais sobre a capacidade de execução do grupo. Segundo a decisão judicial, o plano incluía logística, monitoramento das vítimas e ações coordenadas para eliminar os alvos simultaneamente.
A operação desta terça-feira é resultado de meses de apuração por parte da Polícia Federal e de outras instituições envolvidas. O caso reacende debates sobre a atuação de grupos extremistas no país, especialmente aqueles com vínculos em estruturas institucionais. A decisão de Alexandre de Moraes reforça a necessidade de investigação contínua para prevenir atentados e desarticular redes que buscam minar a democracia e a estabilidade governamental.
Os desdobramentos do caso ainda estão em andamento, e a Polícia Federal segue apurando a extensão das atividades do grupo e possíveis conexões com outros envolvidos. Além das prisões e apreensões, medidas adicionais podem ser adotadas nos próximos dias para ampliar o alcance das investigações. A operação lança luz sobre o risco representado por organizações que agem à margem da lei e reforça o papel das instituições de segurança na defesa da democracia.