O senador Flavio Bolsonaro (PL-RJ) utilizou suas redes sociais nesta terça-feira para comentar a operação da Polícia Federal que resultou na prisão de integrantes de uma organização criminosa acusada de planejar os assassinatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. Durante sua manifestação, Flavio questionou a versão apresentada pela imprensa e criticou a fundamentação das decisões judiciais relacionadas ao caso.
Flavio Bolsonaro demonstrou ceticismo em relação à eficácia do plano atribuído ao grupo. “Quer dizer que, segundo a imprensa, um grupo de cinco pessoas tinha um plano para matar autoridades e, na sequência, eles criariam um ‘gabinete de crise’ integrado por eles mesmos para dar ordens ao Brasil e todos cumpririam?”, escreveu o senador. Ele destacou a improbabilidade do cenário, sugerindo que a narrativa não possui sustentação prática.
Entre os presos na operação está Mario Fernandes, general da reserva do Exército e ex-assessor da Presidência durante o governo de Jair Bolsonaro. Fernandes, apontado como um dos mentores do suposto plano, também ocupou um cargo especial no gabinete do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello entre março de 2023 e março de 2024. Ele é identificado como membro dos chamados “kids pretos”, uma unidade ligada às Forças Especiais do Exército.
A investigação revela que o grupo considerava métodos extremos para atingir seus objetivos. Entre as possibilidades avaliadas estava o uso de veneno para assassinar o então presidente eleito Lula em dezembro de 2022, antes de sua posse. Já para Alexandre de Moraes, a organização teria planejado o emprego de artefatos explosivos. A operação, realizada nesta terça-feira, incluiu o cumprimento de mandados de prisão preventiva, busca e apreensão, além de medidas cautelares em diferentes estados brasileiros.
Flavio Bolsonaro, no entanto, questionou a caracterização das acusações contra o grupo. “Por mais que seja repugnante pensar em matar alguém, isso não é crime. E para haver uma tentativa é preciso que sua execução seja interrompida por alguma situação alheia à vontade dos agentes. O que não parece ter ocorrido”, afirmou. Em sua visão, os elementos apresentados pela investigação não configuram, necessariamente, tentativa de homicídio.
O senador também criticou o que considera decisões judiciais arbitrárias no contexto da operação. Ele classificou as medidas como “repugnantes e antidemocráticas” e afirmou que elas não teriam amparo legal. A manifestação de Flavio reflete uma posição crítica em relação à atuação do Judiciário em casos envolvendo adversários políticos ou aliados de seu grupo político.
A operação da Polícia Federal trouxe à tona preocupações sobre a atuação de grupos extremistas e suas intenções de desestabilizar a ordem democrática. No entanto, as declarações de Flavio Bolsonaro colocam em debate os limites entre investigação legítima e ações que poderiam ser interpretadas como excessos por parte das autoridades.
O caso também reacendeu discussões sobre a segurança de autoridades públicas e o papel das forças de segurança na proteção do regime democrático. Apesar das críticas, a Polícia Federal segue conduzindo as investigações para aprofundar os elementos já coletados e avaliar a extensão das atividades do grupo detido.
A manifestação de Flavio Bolsonaro é parte de um contexto mais amplo de tensão política no país, em que decisões judiciais e operações policiais frequentemente geram debates polarizados. O desdobramento do caso deverá trazer novos elementos para a discussão, enquanto as autoridades continuam a investigar os fatos.