O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, utilizou as redes sociais para defender a primeira-dama, Janja Lula da Silva, após o episódio em que ela criticou o empresário Elon Musk durante um evento do G20 no Rio de Janeiro. Em uma postagem no X (antigo Twitter), Teixeira elogiou a atitude de Janja e declarou que ela expressou o sentimento de muitos em relação ao empresário.
“A @JanjaLula falou o que estava preso nas nossas gargantas. Esse é o sentimento sobre Elon Musk e sua interferência negativa na política internacional”, afirmou o ministro em sua publicação. A fala de Teixeira veio após a polêmica declaração da primeira-dama durante um painel sobre desinformação no Cria G20.
No evento, Janja foi interrompida por uma buzina de navio enquanto discursava e aproveitou o momento para alfinetar Musk, dizendo: “Alô, acho que é o Elon Musk. Eu não tenho medo de você, inclusive, fuck you Elon Musk.” A expressão, que pode ser traduzida como “fod*-se você”, repercutiu rapidamente nas redes sociais e gerou reações tanto de apoiadores quanto de críticos ao governo.
O apoio do ministro ocorreu mesmo após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ter adotado um tom conciliador em relação ao episódio. No mesmo dia, durante o Festival Aliança Global Contra a Fome, Lula destacou que a luta por causas importantes, como o combate à fome, não exige ofensas ou xingamentos. “Eu queria dizer para vocês que essa é uma campanha em que a gente não tem que ofender ninguém, não temos que xingar ninguém. Nós precisamos apenas indignar a sociedade”, afirmou o presidente.
A oposição ao governo Lula aproveitou o episódio para intensificar as críticas. Representantes da direita, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), acusaram Janja de causar um incidente diplomático com o futuro governo dos Estados Unidos, já que Musk foi nomeado pelo presidente eleito Donald Trump para chefiar o Departamento de Eficiência Governamental.
“Já temos mais um incidente diplomático”, escreveu Bolsonaro em suas redes sociais. O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) também se manifestou, dizendo: “Esse é o nível do governo Lula da Silva — com consequências diplomáticas.”
No Congresso Nacional, o deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS) protocolou um pedido de convocação do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para prestar esclarecimentos sobre o impacto das declarações de Janja. Van Hattem argumentou que a fala da primeira-dama pode prejudicar as relações entre Brasil e Estados Unidos, especialmente considerando a posição de destaque que Musk ocupará no governo Trump.
A polêmica gerou intensa movimentação nas redes sociais, com aliados do governo defendendo a postura de Janja como um ato de coragem e autenticidade, enquanto opositores acusaram o governo de despreparo e irresponsabilidade. Além disso, a declaração desviou parte da atenção do G20, que deveria focar em questões globais como sustentabilidade, economia e combate às mudanças climáticas.
Apesar da controvérsia, o episódio trouxe à tona debates mais amplos sobre liberdade de expressão e os limites das figuras públicas ao se posicionarem em eventos internacionais. Enquanto alguns veem a fala de Janja como um reflexo de indignação legítima contra figuras poderosas como Musk, outros argumentam que episódios como esse podem prejudicar a imagem do Brasil em cenários diplomáticos.
O governo ainda não se pronunciou oficialmente sobre as críticas da oposição, mas o apoio de figuras como Paulo Teixeira sinaliza uma tentativa de transformar a polêmica em uma defesa mais ampla contra o que o governo considera a influência negativa de Musk em questões globais. O empresário, conhecido por suas opiniões polêmicas e pela gestão do X (antigo Twitter), tem sido frequentemente acusado de permitir a disseminação de desinformação na plataforma.
Enquanto o G20 segue com seus debates, o impacto do episódio ainda é incerto, mas ele já marca um momento de tensão nas relações entre o governo brasileiro e a futura administração dos Estados Unidos, além de evidenciar as divisões políticas internas do Brasil.