O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em uma entrevista concedida à rádio O Povo/CBN na última sexta-feira, 11, abordou a crescente infiltração do crime organizado em diversas áreas da sociedade brasileira, incluindo o futebol, a política e o Judiciário. Lula destacou que o crime organizado se transformou em uma “empresa multinacional”, sublinhando a abrangência e a complexidade do problema que o Brasil enfrenta atualmente.
Durante a conversa, o presidente enfatizou a necessidade de uma nova política de segurança pública, que deve contar com a participação efetiva do governo federal. Ele declarou que os Estados estão começando a compreender a urgência de pactuar estratégias que combinem esforços locais e nacionais para combater o crime organizado. A ideia é reunir todos os governadores para discutir a implementação dessas novas diretrizes e garantir que haja um esforço conjunto para enfrentar os desafios que a criminalidade impõe.
Lula também mencionou a proposta que está sendo elaborada pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. Essa proposta visa emendar a Constituição para aumentar as responsabilidades do governo federal em relação à segurança pública. De acordo com Lewandowski, a União deverá ter a capacidade de coordenar o Sistema Único de Segurança Pública (Susp), estabelecendo diretrizes que todos os Estados devem seguir, em um movimento que busca uniformizar a abordagem do país diante da violência e do crime organizado.
No artigo publicado no portal jurídico Conjur, Lewandowski argumentou que a segurança pública deixou de ser um problema meramente local e se tornou uma questão nacional, especialmente devido à atuação do crime organizado que transcende fronteiras estaduais e até internacionais. Ele ressalta que o enfrentamento dessa criminalidade exige um planejamento estratégico que deve ser liderado pelo governo central, destacando a necessidade de uma resposta mais robusta e integrada em todo o território nacional.
Em sua fala, Lula criticou a gestão anterior de Jair Bolsonaro, especialmente no que se refere à política armamentista. Ele apontou que a liberalização da posse de armas no Brasil favoreceu diretamente o crime organizado, uma vez que muitos dos armamentos adquiridos foram parar nas mãos de grupos criminosos. Essa crítica evidencia a posição do atual governo em relação à segurança e à necessidade de um controle mais rígido sobre a circulação de armamentos.
Lula reiterou seu compromisso em promover um debate amplo sobre a segurança pública, propondo que os governadores e outros líderes políticos se unam para encontrar soluções eficazes. Ele acredita que apenas por meio da colaboração entre diferentes esferas de governo será possível desenvolver uma política que realmente funcione e que possa responder aos desafios impostos pela criminalidade.
Essa proposta de diálogo entre o governo federal e os Estados é uma tentativa de construir um consenso em torno de uma abordagem mais coesa e eficaz para lidar com a segurança pública. Lula reconhece que os problemas são complexos e multifacetados, exigindo um esforço conjunto que envolva não apenas a aplicação da lei, mas também ações sociais que tratem das raízes da violência.
O presidente afirmou que a nova política de segurança pública não deve se restringir apenas à repressão, mas deve incluir também iniciativas voltadas à prevenção e à inclusão social. Ele defendeu a importância de investir em educação, saúde e oportunidades de emprego como formas de reduzir a vulnerabilidade da população ao crime. Essa visão mais abrangente é parte de uma estratégia que busca não apenas combater o crime, mas também promover a paz e a estabilidade social.
As declarações de Lula refletem um reconhecimento claro de que a segurança pública é um tema que deve ser tratado com seriedade e que requer ações concretas. A interação entre o governo federal e os Estados, com a intenção de criar um sistema de segurança mais eficiente e integrado, é um passo que muitos consideram essencial para o futuro do Brasil.
Diante dos desafios atuais, o presidente e sua equipe buscam novas maneiras de abordar um problema que tem consequências profundas para a sociedade. Com a proposta de uma nova emenda constitucional e a articulação de um diálogo nacional sobre segurança, Lula e sua administração estão determinados a mudar a forma como o Brasil enfrenta a criminalidade e a promover um ambiente mais seguro para todos os cidadãos.