Filha de médico mencionada em “laudo” solicita R$ 150 mil de indenização de Marçal

Caio Tomahawk
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Carla Maria de Oliveira e Souza, filha do médico José Roberto de Souza, moveu uma ação judicial em busca de indenização no valor de R$ 150.000 contra o empresário Pablo Marçal e a clínica Mais Consulta. O motivo da ação é a divulgação de um laudo médico que, segundo a defesa de Carla, apresenta uma assinatura considerada falsa pela perícia da Polícia Civil de São Paulo. A defesa argumenta que essa divulgação não apenas prejudicou a imagem e a reputação de seu pai, que já havia falecido, mas também causou um significativo desgaste emocional e psicológico à filha.


O laudo, que foi amplamente compartilhado nas redes sociais, tinha como intenção descredibilizar Guilherme Boulos, adversário de Marçal nas eleições. A defesa alega que a divulgação deste documento buscava associar Boulos ao uso de drogas, o que, além de ser uma tentativa de ataque político, feriu diretamente a honra e a memória do médico. Carla afirma que a ação de Marçal configura uma violação do legado de seu pai e que a repercussão negativa teve um impacto devastador sobre sua saúde mental e emocional.


A questão da assinatura foi fundamental para a construção do caso. A perícia concluiu que a assinatura de José Roberto de Souza no laudo era falsa, o que fortalece a argumentação de que houve um uso indevido de sua identidade e de seu prestígio profissional. O advogado de Carla, o Dr. Torello, enfatizou que a situação resultou em invasão de privacidade e intimidade, destacando que a Polícia, ao buscar ouvir Carla sobre a situação, foi à sua casa em uma madrugada, o que intensificou seu sofrimento. Ele ressaltou que ela é portadora de esclerose múltipla e estava sozinha no momento da abordagem, o que exacerbou sua vulnerabilidade emocional e física.


O pedido de indenização tramita prioritariamente na 9ª Vara Cível do Tribunal de Justiça de São Paulo, o que indica a gravidade e a urgência do caso. A defesa argumenta que o estresse e a pressão psicológica vividos por Carla, agravados pela sua condição de saúde, são evidências claras do impacto que a situação teve em sua vida. O advogado de Carla mencionou que a filha do médico está enfrentando desafios diários significativos devido à sua doença e que a situação atual só piorou sua condição, resultando em um sofrimento adicional.


Além da ação de indenização, Carla também havia movido uma outra ação contra Pablo Marçal, buscando a sua inelegibilidade, que foi arquivada na última quinta-feira, 17. A decisão da Justiça de arquivar este pedido pode ser vista como um revés para Carla, mas a principal ação ainda segue seu curso na esfera civil. A luta dela é não apenas por compensação financeira, mas também por reconhecimento da injustiça e do dano causado à memória de seu pai.


A repercussão do caso também levanta questões mais amplas sobre o uso das redes sociais para disseminar informações potencialmente prejudiciais, especialmente em um contexto político. A situação de Carla e a utilização de um documento falsificado para atacar um adversário político apontam para a necessidade de um debate sobre a responsabilidade civil de indivíduos e empresas ao publicarem conteúdos que podem impactar a vida e a reputação de outras pessoas.


O caso de Carla Maria de Oliveira e Souza se insere em um contexto em que as redes sociais têm se tornado plataformas cada vez mais importantes para campanhas políticas, mas também áreas de risco onde a verdade pode ser distorcida e utilizada como arma. O debate sobre a ética e a legalidade dessa prática está em alta, e a decisão do tribunal sobre a ação de Carla pode ter implicações significativas não apenas para os envolvidos, mas também para a maneira como a sociedade percebe e lida com informações falsas.


A continuidade do processo judicial deverá esclarecer os limites entre liberdade de expressão e o respeito à reputação e à honra das pessoas, além de potencialmente trazer à tona novas reflexões sobre a proteção legal de indivíduos em situações de vulnerabilidade. A luta de Carla não é apenas por uma indenização, mas por um restabelecimento da verdade e pela dignidade da memória de seu pai.

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