Novo presidente do Conselho da Petrobras reforça influência do PT

Cassia Marinho
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O governo federal confirmou nesta terça-feira (3) mudanças significativas na composição do Conselho de Administração da Petrobras e em outras estatais do setor energético. Bruno Moretti, atual secretário de Análise Governamental da Casa Civil, foi escolhido para assumir a presidência do Conselho da Petrobras, substituindo Pietro Mendes. A decisão contou com o aval do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e marca um novo capítulo na reorganização de forças políticas dentro da estatal.


Pietro Mendes, que acumulava a presidência do Conselho com o cargo de secretário no Ministério de Minas e Energia, passará a ocupar uma diretoria na Agência Nacional do Petróleo (ANP). A mudança encerra debates sobre um possível conflito de interesse envolvendo Mendes e permite ao governo reafirmar seu compromisso com a transparência nas funções exercidas por seus representantes.


Para a vaga aberta no colegiado do Conselho da Petrobras, o governo indicará Benjamin Alves Rabello, advogado com proximidade familiar ao ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Rabello já havia sido anteriormente indicado pela União, mas não recebeu votos suficientes na assembleia-geral da Petrobras. Na ocasião, Rafael Dubeux, ligado ao Ministério da Fazenda, foi escolhido para integrar o Conselho.


Com a entrada de Moretti na presidência do Conselho, o Partido dos Trabalhadores (PT) amplia sua influência na estatal. A decisão representa uma redistribuição de poder entre os aliados do governo. Embora Alexandre Silveira perca a presidência do Conselho para um nome ligado ao PT, ele consolida sua força em outros espaços estratégicos, como a ANP e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). No Conselho da Petrobras, Silveira mantém a indicação de três membros, incluindo a CEO Magda Chambriard e Rafael Dubeux.


Essas mudanças refletem o esforço do governo Lula em reorganizar as principais estatais do setor energético, equilibrando interesses políticos e técnicos. Na ANP, além de Pietro Mendes, o ministro Alexandre Silveira deve nomear Artur Watt para a diretoria-geral. Watt, procurador da Advocacia-Geral da União, já atua como consultor jurídico na estatal PPSA, demonstrando experiência no setor.


Na Aneel, o ministro assegurou a indicação de Gentil Nogueira de Sá Junior, atualmente secretário nacional de Energia Elétrica. As nomeações reforçam a presença de Silveira em posições-chave dentro do setor energético, garantindo ao Ministério de Minas e Energia um papel central no direcionamento das políticas para o segmento.


A chegada de Bruno Moretti à presidência do Conselho também evidencia a busca do governo por figuras alinhadas ao PT em postos estratégicos. Como secretário de Análise Governamental da Casa Civil, Moretti já desempenhava um papel próximo ao ministro Rui Costa, atuando em articulações importantes para a implementação das pautas prioritárias do governo. Sua nomeação consolida a estratégia de Lula de fortalecer a influência de seus aliados mais próximos em posições de destaque nas principais empresas estatais.


A saída de Pietro Mendes do Conselho para ocupar uma diretoria na ANP foi bem-recebida por setores que questionavam a acumulação de cargos. A medida, além de responder às críticas, aponta para um movimento do governo em buscar maior conformidade com práticas de governança corporativa.


No entanto, as indicações geraram discussões sobre a relação entre questões políticas e técnicas nas estatais. Enquanto alguns observadores apontam para o risco de politização excessiva, outros destacam que as mudanças são necessárias para garantir a implementação de uma agenda energética que atenda às metas do governo.


Essas alterações também sinalizam o reposicionamento de prioridades dentro do setor. O fortalecimento da ANP e da Aneel demonstra o interesse do governo em ampliar sua capacidade de regulamentação e fiscalização, especialmente em um momento em que a transição energética e a ampliação da exploração de recursos naturais ganham destaque na agenda nacional.


As mudanças no Conselho da Petrobras e nas agências reguladoras configuram um redesenho importante das forças no setor energético brasileiro. A redistribuição de cargos entre aliados políticos reflete as negociações internas do governo Lula e o esforço para alinhar interesses diversos. Mais do que uma simples troca de nomes, as nomeações revelam as estratégias do governo para equilibrar a composição política e fortalecer a capacidade de gestão e governança das estatais.


Com as movimentações concluídas, os próximos meses serão decisivos para avaliar o impacto dessas mudanças na Petrobras, na ANP e na Aneel. O governo espera que as novas lideranças contribuam para o fortalecimento do setor energético, garantindo maior eficiência nas estatais e atendendo às demandas de desenvolvimento e sustentabilidade do país.

 

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