Moraes libera “em cima da hora” e Bolsonaro não vai a velório

Cassia Marinho
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 Na tarde desta terça-feira, 3 de dezembro, o ex-presidente Jair Bolsonaro explicou em uma publicação na rede social X por que não conseguiu comparecer ao velório de Leila Caran Costa, mãe de Valdemar Costa Neto, presidente nacional do Partido Liberal (PL). Segundo a postagem, a autorização do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para que Bolsonaro participasse do funeral, foi concedida apenas às 13h55, quando já não era possível que ele chegasse a tempo.


A postagem esclareceu que, devido ao horário tardio da decisão, o ex-presidente ficou impossibilitado de estar presente. No entanto, Bolsonaro, por meio de seus advogados, manifestou gratidão pela liminar concedida e apresentou um novo pedido à Justiça, desta vez para que possa participar da missa de sétimo dia em homenagem à senhora Leila. A mensagem expressou solidariedade à família de Valdemar, afirmando: "Que Deus, em sua infinita bondade, acolha a senhora Leila e conforte seus familiares."


A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro representou o ex-presidente no velório, realizado em Mogi das Cruzes, São Paulo. Sua presença no local foi mencionada na mesma publicação, reforçando o vínculo pessoal e político entre Bolsonaro e Valdemar Costa Neto, que lidera o partido pelo qual o ex-presidente disputou as eleições de 2022.


A autorização para a presença de Bolsonaro no funeral foi solicitada em caráter emergencial devido às restrições impostas pelas investigações em curso relacionadas à Operação Tempus Veritatis. Bolsonaro e Valdemar estão proibidos de manter contato direto, medida que faz parte das condições estabelecidas pela Justiça para evitar interferências nos processos. A operação investiga uma suposta organização criminosa responsável por atos antidemocráticos e um plano de golpe de Estado. A autorização excepcional para o comparecimento ao velório levou em conta a relação pessoal entre os dois, mas a decisão acabou sendo considerada intempestiva.


A situação gerou debate entre apoiadores e críticos de Bolsonaro nas redes sociais. Seus aliados apontaram a demora na decisão de Moraes como um reflexo de suposto rigor excessivo por parte do ministro, enquanto opositores questionaram se a presença do ex-presidente no funeral seria realmente apropriada, dado o contexto das investigações. A relação conturbada entre Bolsonaro e Moraes, intensificada durante as eleições de 2022 e as investigações posteriores, continua sendo um tema recorrente no cenário político.


A morte de Leila Caran Costa, embora um evento pessoal e familiar, trouxe novamente à tona a complexa dinâmica entre o ex-presidente, o STF e seus aliados políticos. O episódio destaca a tensão entre as restrições judiciais impostas a Bolsonaro e sua atuação como figura pública, especialmente em momentos de grande sensibilidade emocional. A decisão de Moraes, mesmo autorizando a ida ao velório, foi vista por alguns como tardia, dificultando a possibilidade de Bolsonaro prestar sua homenagem de forma presencial.


Michelle Bolsonaro, ao comparecer ao velório em nome do marido, cumpriu o papel de manter a proximidade entre o ex-presidente e a família Costa Neto, reforçando o vínculo que ultrapassa as questões políticas. Sua presença também foi interpretada como um gesto de respeito e solidariedade em um momento difícil para o presidente do PL, que tem enfrentado não apenas a perda da mãe, mas também os desdobramentos de investigações que envolvem seu nome e o de Bolsonaro.


Enquanto o pedido para participação na missa de sétimo dia aguarda decisão judicial, o episódio levanta questionamentos sobre a gestão de situações emergenciais envolvendo figuras públicas sob restrições legais. A polêmica em torno do horário da autorização reflete as dificuldades de conciliar questões legais com momentos de caráter humano e familiar, especialmente em um cenário politizado e polarizado como o brasileiro.


Bolsonaro, em sua publicação, buscou amenizar o impacto do episódio, expressando sua fé e desejo de conforto à família enlutada. "Que Deus, em sua infinita bondade, acolha a senhora Leila e conforte seus familiares", escreveu, encerrando a mensagem com uma nota de solidariedade que transcende as disputas jurídicas e políticas. O desfecho desse pedido e os próximos passos das investigações continuarão a influenciar a dinâmica entre o ex-presidente, o sistema de Justiça e seus apoiadores.

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