Relatório da PF: indica Bolsonaro como “líder de organização criminosa“ em relatório final

Caio Tomahawk
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 Relatório da PF aponta Bolsonaro como líder de plano golpista e indicia 37 pessoas


O relatório final da Polícia Federal, com 884 páginas, conclui que o ex-presidente Jair Bolsonaro foi o principal articulador de um grupo formado por 37 pessoas, acusado de planejar um golpe de Estado para mantê-lo no poder após sua derrota nas eleições presidenciais de 2022. O documento foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira (21) e permanece sob sigilo, mas detalhes já vieram à tona.


De acordo com as investigações, Bolsonaro teria desempenhado um papel central, transitando por todos os núcleos da organização criminosa identificados pela PF. Esses núcleos foram classificados como:

Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral;

Núcleo de Incitação de Militares ao Golpe;

Núcleo Jurídico;

Núcleo Operacional de Apoio às Ações Golpistas;

Núcleo de Inteligência Paralela;

Núcleo Operacional para Medidas Coercitivas.


O relatório enfatiza que Bolsonaro atuou diretamente no primeiro núcleo, responsável por disseminar desinformação e atacar o sistema eleitoral brasileiro. Além disso, a Polícia Federal afirma que o objetivo principal do grupo era manter o ex-presidente no cargo, mesmo após sua derrota nas urnas.


Indiciamentos e investigações em curso


Após quase dois anos de investigações, a Polícia Federal indiciou Jair Bolsonaro e outras 36 pessoas, incluindo ex-ministros de Estado e aliados próximos. Entre os nomes destacados estão Anderson Torres (ex-ministro da Justiça), Augusto Heleno (ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional), Braga Netto (ex-ministro da Defesa) e Mauro Cid (ex-ajudante de ordens do ex-presidente). Também figura na lista o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ).


O inquérito engloba uma série de acusações, incluindo a participação nos atos de 8 de janeiro, quando houve a invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, e tramas relacionadas à tentativa de golpe durante o período eleitoral de 2022. Além disso, o relatório menciona um suposto plano de assassinato de autoridades, como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do STF.


O ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito, está analisando o relatório antes de enviá-lo à Procuradoria-Geral da República (PGR). Caberá à PGR decidir os próximos passos, que podem incluir denúncias formais, novas diligências ou o arquivamento das investigações.


Resposta de Bolsonaro e desdobramentos jurídicos


Em resposta ao relatório, Jair Bolsonaro negou as acusações e criticou a condução das investigações pelo ministro Alexandre de Moraes. Por meio de uma publicação na rede social X (antigo Twitter), o ex-presidente afirmou: “O ministro Alexandre de Moraes conduz todo o inquérito, ajusta depoimentos, prende sem denúncia, faz pesca probatória e tem uma assessoria bastante criativa. Faz tudo o que não diz a lei.”


Bolsonaro declarou que aguardará a análise de sua defesa antes de se manifestar detalhadamente sobre o indiciamento. Ele também destacou que a decisão final sobre o caso caberá à Procuradoria-Geral da República, e não ao STF.


A defesa do ex-presidente e de outros indiciados terá que lidar com as graves acusações presentes no relatório, que podem resultar em ações judiciais de grande impacto político. Especialistas apontam que os desdobramentos do caso podem influenciar profundamente o cenário político brasileiro, sobretudo pela relevância dos envolvidos e pela natureza das acusações.


A Polícia Federal, por sua vez, reforça que o trabalho investigativo foi conduzido com rigor e que as conclusões apresentadas no relatório foram baseadas em provas robustas colhidas ao longo dos últimos 22 meses.


O envio do relatório à PGR marca uma nova etapa no processo, em que decisões cruciais serão tomadas para definir se haverá ou não denúncias formais contra Bolsonaro e os demais investigados. A expectativa agora gira em torno da postura da PGR, que pode acelerar ou desacelerar o andamento dos processos.


Enquanto isso, o Brasil assiste a mais um capítulo polêmico envolvendo o ex-presidente e suas ações, o que mantém elevada a tensão entre os poderes da República e reforça os desafios enfrentados pelo sistema democrático do país.

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