Planalto afasta possibilidade de relação semelhante entre Lula e Trump como foi com Lula e Bush

Caio Tomahawk
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 Auxiliares de Lula descartam aproximação com Trump e destacam diferenças ideológicas





A relação entre o Brasil e os Estados Unidos, sob a presidência de Luiz Inácio Lula da Silva, não deverá seguir o mesmo caminho de proximidade que foi estabelecido com o ex-presidente americano George W. Bush durante o governo petista. De acordo com relatos de assessores próximos ao presidente Lula, a chance de uma aliança sólida com Donald Trump, que atualmente lidera o Partido Republicano, é vista como altamente improvável. Em conversas reservadas, auxiliares do presidente brasileiro afirmam que as diferenças ideológicas entre as duas lideranças e os vínculos diretos de Trump com o bolsonarismo são obstáculos consideráveis para qualquer aproximação oficial.


Distância ideológica maior em relação a Trump e a ascensão da direita global


No governo Lula, a relação com George W. Bush era caracterizada por uma relação pessoal cordial e de interesse mútuo, com o ex-presidente texano visitando o Brasil e estabelecendo uma amizade com o petista. No entanto, o cenário político atual é distinto, e isso tem sido destacado pelos conselheiros do Planalto. A principal diferença entre os dois republicanos, segundo os auxiliares de Lula, é a profundidade da distância ideológica. Enquanto Bush e Lula, mesmo com suas divergências, conseguiam manter uma convivência amistosa, as posições políticas de Trump são vistas como muito mais radicais e distantes do pensamento de centro-esquerda defendido por Lula.


Além disso, há o fator do bolsonarismo, que é diretamente ligado à figura de Trump. Muitos assessores de Lula avaliam que, com a ascensão de Trump e o fortalecimento de líderes de direita ao redor do mundo, como Viktor Orbán na Hungria e Marine Le Pen na França, a polarização política no Brasil também se acentuaria. No entendimento de auxiliares do presidente, o fortalecimento de Trump reenergiza a direita no Brasil e reflete diretamente na candidatura de Jair Bolsonaro nas eleições de 2026. Isso cria um ambiente tenso e adverso para qualquer tipo de aliança estratégica entre o Brasil e a Casa Branca durante o período de mandato de Lula.


Exploração de outras frentes diplomáticas com os Estados Unidos


Embora as perspectivas de uma relação próxima com Trump sejam consideradas remotas, isso não significa que o governo Lula tenha adotado uma postura de descuido em relação às relações com os Estados Unidos. Pelo contrário, assessores de Lula apontam que a prioridade será explorar outros canais de aproximação, especialmente com representantes do Congresso americano que demonstram interesse nas relações bilaterais. Entre essas possibilidades está o fortalecimento dos laços com membros do Congresso dos Estados Unidos que estão comprometidos com a diplomacia entre os dois países, como o republicano Lance Goode, um dos copresidentes da Frente Parlamentar Brasil-Estados Unidos, o denominado “Brazil Caucus”.


O governo brasileiro entende que, além das relações diretas com a Casa Branca, uma estratégia mais eficaz seria focar na construção de vínculos com esses grupos de congressistas que reconhecem a importância do Brasil no cenário global e que podem desempenhar um papel importante na mediação entre os interesses do Brasil e dos Estados Unidos. Esse movimento visa garantir que, mesmo diante das dificuldades políticas e ideológicas geradas pela ascensão de Trump e o fortalecimento do bolsonarismo no Brasil, as relações entre os dois países não sejam totalmente prejudicadas.


Além disso, o governo brasileiro vê a necessidade de dialogar com outros líderes globais que também representam a ala mais progressista ou centrista, a fim de manter uma postura diplomática equilibrada e estratégica. A diplomacia brasileira está sendo moldada por uma avaliação mais cautelosa, que reconhece as diferenças ideológicas, mas também procura manter o Brasil inserido nas discussões globais, independentemente de quem ocupe a presidência dos Estados Unidos.


Conclusão


Em síntese, o governo de Lula não compartilha da mesma visão positiva que muitos setores do bolsonarismo têm em relação a Trump, e isso é um fator decisivo para afastar qualquer perspectiva de uma aliança política estreita com o ex-presidente americano. As diferenças ideológicas profundas e a proximidade de Trump com o bolsonarismo são consideradas como barreiras intransponíveis por assessores do Planalto. Contudo, isso não impede o Brasil de continuar buscando alternativas para fortalecer suas relações com os Estados Unidos, principalmente por meio de outras frentes diplomáticas, como o diálogo com o Congresso americano e a ampliação das parcerias com outros países que compartilham de uma visão mais alinhada ao governo Lula.

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