Lula afirma que houve tentativa de golpe para impedir sua posse na Presidência

Caio Tomahawk
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 Lula Afirma Tentativa de Golpe Após Retirada de Sigilo de Relatório da Polícia Federal


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira (28) que houve uma tentativa de golpe para impedir que ele assumisse a Presidência da República após a vitória nas eleições de 2022. A declaração foi feita durante o lançamento do programa Periferia Viva, no Palácio do Planalto, em Brasília, e ocorre dois dias após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, retirar o sigilo do relatório da Polícia Federal que investiga a suposta conspiração.


Segundo Lula, os atos apurados no inquérito deixam evidente que havia um plano organizado para impedir sua posse e o funcionamento das instituições democráticas no Brasil. O presidente destacou que os fatos expostos não podem ser negados. “Vocês sabem o que está acontecendo na política mundial e na política brasileira. Vocês sabem a quantidade de mentiras, a quantidade de ódio. Vocês sabem a tentativa de golpe que está ficando verdadeira e ninguém pode desmentir”, declarou.


No relatório tornado público, a Polícia Federal detalha a suposta organização de uma ação golpista, que incluía até mesmo o assassinato de Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes. Segundo o documento, a conspiração foi frustrada por circunstâncias alheias ao controle dos envolvidos.


Detalhes do Relatório e Supostos Planos


O relatório aponta o envolvimento direto do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outras 36 pessoas em um esquema que visava tomar o poder de forma ilegal. A investigação destaca que Bolsonaro “planejou, atuou e teve o domínio” das ações, mas que o golpe não se concretizou devido a fatores inesperados.


Entre os detalhes do plano, está o documento intitulado “Punhal Verde e Amarelo”, apreendido com o general Mario Fernandes, ex-número dois da Secretaria-Geral da Presidência na gestão Bolsonaro. Nele, são descritas estratégias que incluíam a “neutralização” do presidente eleito. O plano indicava que Lula, codinome “Jeca”, seria morto por envenenamento, usando substâncias químicas ou medicamentos capazes de causar falência dos órgãos e colapso do sistema nervoso.


A ação estaria planejada para ocorrer em 15 de dezembro de 2022, três dias após a diplomação da chapa presidencial no Tribunal Superior Eleitoral. De acordo com os envolvidos, a morte de Lula teria como objetivo “abalar toda a chapa vencedora”, extinguindo seu mandato. O relatório também menciona que, caso a eliminação de Lula não fosse suficiente, Geraldo Alckmin, identificado pelo codinome “Joca”, também seria assassinado, embora os métodos para isso não tenham sido detalhados.


Além disso, o documento da Polícia Federal enfatiza a vulnerabilidade de saúde do presidente, mencionando suas visitas frequentes a hospitais como fator de oportunidade para a execução do plano.


Bolsonaro Nega Envolvimento e Rebate Acusações


Em meio à repercussão das acusações, Jair Bolsonaro se manifestou publicamente na última segunda-feira (25), negando qualquer tentativa de golpe durante seu mandato. O ex-presidente afirmou que todas as medidas discutidas por ele estavam dentro dos limites da Constituição e que jamais cogitou ações fora das “quatro linhas”.


“Ninguém vai dar golpe com general da reserva e mais meia dúzia de oficiais. É um absurdo o que estão falando. Da minha parte, nunca houve discussão de golpe”, declarou. Bolsonaro também questionou a viabilidade de um golpe e o impacto internacional que tal ato teria. “Se alguém viesse discutir golpe comigo, ia falar: ‘Tudo bem, e o dia seguinte? Como fica o mundo perante a nós?’”, disse.


No entanto, as investigações da Polícia Federal e o relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal indicam um esquema articulado que contradiz a versão apresentada por Bolsonaro. As acusações colocam em evidência o papel de altos oficiais militares e civis no planejamento da conspiração.


Repercussão e Implicações


A divulgação do relatório e a declaração de Lula intensificaram o debate sobre os riscos enfrentados pela democracia brasileira nos últimos anos. A retirada do sigilo pelo STF foi considerada um marco importante para a transparência das investigações e para o enfrentamento de possíveis ameaças institucionais.


O inquérito seguirá sob análise da Procuradoria-Geral da República, que deve decidir sobre o oferecimento de denúncias contra os indiciados. Especialistas destacam que as informações do relatório fortalecem a narrativa de que houve um plano sistemático para desestabilizar o país e impedir a posse do presidente eleito.


Enquanto isso, a fala de Lula reforça o compromisso do governo com a apuração dos fatos e a punição dos envolvidos. “Eles tentaram dar um golpe para não deixar que a gente assumisse a Presidência da República. É isso que eles tentaram fazer”, concluiu o presidente.

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