Governo Lula teme enfraquecimento da COP30 com vitória de Trump

Caio Tomahawk
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 Governo brasileiro teme impacto de vitória de Trump nas negociações da COP30






A possibilidade de uma vitória de Donald Trump nas próximas eleições presidenciais dos Estados Unidos gera preocupações dentro do governo brasileiro, especialmente no que diz respeito ao futuro da COP30, que será sediada em Belém, no Brasil, em 2025. Assessores próximos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva estão especialmente preocupados com o risco de o republicano tomar medidas que poderiam esvaziar o impacto da conferência climática. A principal apreensão é que Trump, caso retorne à presidência, repita sua decisão de retirar os Estados Unidos do Acordo de Paris, como fez em sua primeira administração, em 2017. Embora a vitória de Trump ainda esteja pendente de confirmação, as projeções do governo brasileiro indicam um possível cenário de enfraquecimento das metas globais de redução de emissões de gases de efeito estufa.


Medo de boicote às metas climáticas e o papel das grandes potências


Um dos maiores receios do governo brasileiro é que, mesmo sem um eventual abandono do Acordo de Paris, Trump possa adotar uma postura de boicote em relação à definição de novas metas climáticas durante a COP30. Na conferência, os países estarão envolvidos na revisão e estabelecimento de metas intermediárias para a redução das emissões até 2035. Este é um momento crítico, pois muitos países desenvolvidos, incluindo os Estados Unidos sob o governo de Joe Biden, já se comprometeram a alcançar as emissões líquidas zero até 2050. Contudo, as metas intermediárias, que agora se estendem até 2030 e, na COP30, até 2035, são fundamentais para garantir que esse compromisso não se torne algo distante e de difícil monitoramento.


No entanto, sem a colaboração ativa dos Estados Unidos, que são um dos maiores emissores globais, ao lado da China, o governo Lula antecipa que as metas climáticas da COP30 podem ser significativamente mais modestas. A expectativa é de que a ausência de um engajamento efetivo de Washington possa limitar o grau de ambição das discussões e dificultar a adoção de compromissos mais robustos e verificáveis para o futuro. De acordo com assessores do Planalto, a postura do governo Trump poderia reverter o progresso feito sob a administração de Biden, criando um cenário de estagnação nas negociações climáticas.


Desafios no financiamento climático e a posição dos Estados Unidos sob Trump


Outro ponto de grande preocupação para o governo brasileiro é o financiamento climático, um tema crucial que será discutido na COP30. Durante a conferência, um dos tópicos centrais será a liberação de recursos financeiros para países emergentes e em desenvolvimento, que têm cobrado a implementação da promessa do Acordo de Paris de destinar US$ 100 bilhões anuais para a mitigação e adaptação ao aquecimento global. No entanto, com a possibilidade de Trump retornar à Casa Branca, os assessores de Lula acreditam que será praticamente impossível obter o apoio financeiro necessário dos Estados Unidos para esses fundos climáticos.


A nomeação de John Kerry como enviado especial para o clima na administração de Joe Biden foi vista como um movimento estratégico importante, dado o peso político e a experiência do ex-secretário de Estado e ex-candidato presidencial. Kerry teve um papel de liderança nas negociações internacionais sobre mudanças climáticas, e seu envolvimento nas discussões da COP30 foi considerado essencial para garantir o compromisso americano com o financiamento e com as metas climáticas globais. Contudo, ninguém no governo brasileiro acredita que Trump, caso volte ao poder, nomearia alguém com a mesma influência ou legitimidade para desempenhar um papel similar, o que tornaria as negociações mais difíceis e reduziria a eficácia das ações globais contra as mudanças climáticas.


O enfraquecimento das relações climáticas entre os Estados Unidos e outros países emergentes seria um golpe significativo para as ambições globais de combater o aquecimento global, especialmente em um momento em que a comunidade internacional já enfrenta uma crescente pressão para alcançar metas mais ambiciosas. No contexto brasileiro, isso também reflete um obstáculo ao esforço de manter o país como protagonista nas negociações climáticas e um defensor da justiça climática para as nações mais vulneráveis.


Conclusão: Desafios para a COP30 e a diplomacia brasileira


Em síntese, o governo brasileiro está preparado para enfrentar um cenário desafiador nas negociações climáticas da COP30, caso Donald Trump vença as eleições presidenciais dos Estados Unidos. A possibilidade de um novo recuo americano nas questões climáticas, como a retirada do Acordo de Paris ou o boicote às metas climáticas, coloca em risco os avanços feitos em anos anteriores. Além disso, o financiamento climático, que é vital para os países mais pobres e emergentes, poderia ser severamente comprometido com a volta do republicano ao poder. O governo Lula, no entanto, não pretende abandonar a diplomacia climática e buscará alternativas para garantir que a COP30 em Belém mantenha sua relevância, contando com o apoio de outras nações e explorando novas frentes de cooperação internacional.

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