Senador Eduardo Girão questiona inquérito do STF sobre plano de golpe e acusações de assassinato
O senador Eduardo Girão, do partido Novo pelo Ceará, fez críticas contundentes ao inquérito conduzido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) que apura um suposto plano de golpe de Estado no Brasil após as eleições de 2022. De acordo com as investigações, o plano envolveria ações como o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro do STF Alexandre de Moraes. Durante seu pronunciamento, Girão colocou em dúvida a imparcialidade do processo e afirmou que as ações em curso configuram um “verdadeiro golpe concreto” contra o Estado de Direito.
As declarações do senador chamaram atenção para um ponto central do debate: o papel de Alexandre de Moraes, que além de ser uma das supostas vítimas do plano, lidera as investigações. Segundo Girão, esse fato gera um “conflito de interesses evidente”, colocando em xeque a legitimidade das apurações. Para ele, a condução do inquérito pelo próprio Moraes compromete os princípios democráticos e de justiça. “Mesmo se declarando vítima, o ministro Alexandre de Moraes denuncia, investiga, julga e condena, sem direito a nenhum recurso. Isso não é algo que podemos aceitar como um procedimento legítimo em uma democracia”, afirmou.
Além disso, o senador destacou a importância de repudiar qualquer forma de violência, mas questionou o que descreveu como inconsistências no processo investigativo. Girão criticou o fato de que o inquérito esteja sob o comando do ministro diretamente envolvido na narrativa como alvo. “Temos que repudiar qualquer ato de violência, qualquer, não se sustenta. [Mas] um plano para assassinar Lula, Alckmin e Moraes vai ter seu inquérito adivinha por quem conduzido? Pelo próprio ministro Moraes. Ele, que seria vítima nessa narrativa”, declarou. Essas observações acirraram os debates no Congresso, reacendendo as discussões sobre a atuação do STF e a relação entre os poderes no Brasil.
Plano de golpe e críticas ao Judiciário ampliam tensão entre os poderes
O inquérito em questão aponta a existência de um plano elaborado por grupos contrários ao resultado das eleições de 2022, que deram vitória ao presidente Lula. Segundo as autoridades, o objetivo seria desestabilizar o governo e criar condições para uma ruptura institucional. Além das ações violentas contra lideranças políticas e do Judiciário, o plano também incluiria estratégias para fomentar um ambiente de instabilidade no país. Nesse contexto, o ministro Alexandre de Moraes se destacou como figura central no combate a atos antidemocráticos, o que o tornou alvo frequente de críticas, especialmente de parlamentares da oposição, como Eduardo Girão.
Para o senador, a concentração de poderes nas mãos de Moraes ameaça a democracia e compromete o equilíbrio entre os poderes no Brasil. Girão argumentou que a atuação do ministro extrapola os limites de suas funções, colocando em risco a confiança no Judiciário. “Estamos vivendo um momento delicado, em que o Judiciário tem extrapolado suas funções e agido como um poder absoluto. Não podemos aceitar que uma mesma pessoa seja responsável por investigar, julgar e condenar. Isso é um ataque à própria ideia de justiça”, destacou.
O parlamentar ainda defendeu a necessidade de uma ampla discussão sobre os limites da atuação do STF e sugeriu a realização de reformas no sistema judicial para prevenir situações semelhantes no futuro. Para ele, é fundamental que o Brasil preserve os princípios democráticos, garantindo que nenhum poder se sobreponha aos demais. “Precisamos resgatar o equilíbrio entre os poderes. O Judiciário não pode atuar como se estivesse acima da lei. É urgente um debate sério sobre a independência e a imparcialidade das instituições no nosso país”, concluiu.
As declarações de Eduardo Girão e o contexto do inquérito trouxeram novamente à tona o debate sobre o papel do STF em momentos de crise política. Enquanto o tribunal defende sua atuação como essencial para proteger a democracia, setores da oposição têm levantado questionamentos sobre a concentração de poderes em suas mãos e o impacto disso no funcionamento do Estado de Direito. A tensão entre os poderes se intensifica em meio a um cenário político já polarizado, com repercussões que prometem desdobramentos nos próximos meses.