O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe neste sábado, no Rio de Janeiro, o documento final produzido pela inédita Cúpula do G20 Social. A entrega acontece durante o encerramento do evento, que teve início na última quinta-feira e marcou a inclusão formal da sociedade civil nas discussões do fórum internacional. Essa iniciativa é um marco da presidência brasileira no G20 e será continuada pela África do Sul, que assume a liderança do grupo em 2024.
Composto por 19 países e pela União Europeia e União Africana, o G20 é tradicionalmente focado em questões econômicas globais. No entanto, a criação do G20 Social reflete um esforço do governo brasileiro para ampliar a agenda do grupo, incorporando temas sociais e ambientais. A cúpula reuniu movimentos sociais, universidades, organizações internacionais, conselhos, setor privado e representantes governamentais para debater questões essenciais para o futuro global.
Ao longo dos três dias de discussões, o encontro se organizou em torno de três eixos prioritários definidos pela presidência brasileira: sustentabilidade, combate à fome e cultura. O primeiro dia de debates teve foco em questões climáticas, transição energética justa e sustentabilidade global, enquanto o segundo foi dedicado ao enfrentamento da fome, desigualdades sociais e à reforma da governança global. Cada um desses eixos gerou documentos específicos que agora integram o relatório final, consolidado em plenária na manhã deste sábado.
O documento final será entregue por Lula aos chefes de governo e Estado que participam do G20. As propostas detalhadas poderão ser analisadas para possível inclusão na Declaração de Líderes, que define as diretrizes e compromissos assumidos pelos países membros do fórum. Essa integração entre sociedade civil e lideranças globais reforça o papel do G20 como espaço de articulação para soluções mais abrangentes e inclusivas.
Um dos destaques da cúpula foi o avanço das discussões sobre a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, uma das principais pautas defendidas pelo Brasil no G20. Durante o segundo dia de debates, foram feitos os primeiros anúncios sobre essa iniciativa, que busca erradicar a fome e a extrema pobreza em escala global. A aliança já conta com o compromisso de 41 países, 13 organizações internacionais públicas e diversas instituições financeiras, filantrópicas e sem fins lucrativos.
O lançamento oficial da Aliança Global está previsto para o próximo dia 18, durante a abertura da Cúpula de Líderes do G20. Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social, a iniciativa tem como objetivo coordenar esforços internacionais para enfrentar os desafios da fome e da pobreza, promovendo ações concretas e integradas. Essa proposta é vista como um passo essencial para reduzir as desigualdades e garantir segurança alimentar em um mundo marcado por crises econômicas e climáticas.
A continuidade do G20 Social pela presidência sul-africana em 2024 reforça o compromisso do grupo em manter a sociedade civil no centro das discussões globais. O governo da África do Sul já sinalizou que pretende ampliar os temas abordados, dando destaque às questões de desigualdade racial e social, que estão entre as prioridades da agenda sul-africana. Esse movimento sinaliza uma possível transformação no G20, que pode se consolidar como um fórum mais abrangente e participativo.
Para o governo brasileiro, o sucesso da cúpula social representa uma vitória diplomática e um legado duradouro da presidência no G20. A inclusão de temas como cultura, sustentabilidade e combate à fome no centro do debate internacional reflete a visão de Lula de que o crescimento econômico deve estar alinhado à justiça social e à preservação ambiental. Essa abordagem, segundo analistas, fortalece o papel do Brasil como liderança global em questões sociais e ambientais.
A Cúpula do G20 Social também foi marcada pela participação de organizações brasileiras e internacionais, que trouxeram experiências e propostas concretas para os debates. A diversidade de vozes presentes no encontro foi destacada pelos participantes como um dos principais trunfos do evento, que conseguiu reunir diferentes setores em torno de um objetivo comum: construir um futuro mais justo e sustentável para todos.
Embora o G20 seja tradicionalmente associado a decisões econômicas e financeiras, a iniciativa brasileira de criar um espaço para discussões sociais demonstra a relevância crescente desses temas no cenário internacional. O sucesso do G20 Social pode abrir caminho para que outras presidências do fórum sigam integrando a sociedade civil em suas agendas, ampliando o alcance e a legitimidade das decisões tomadas pelo grupo.
Com o encerramento da cúpula, o foco agora se volta para a Cúpula de Líderes do G20, onde as propostas discutidas no Rio de Janeiro serão avaliadas pelas principais lideranças globais. Para Lula, a entrega do documento final do G20 Social simboliza o compromisso do Brasil em promover mudanças estruturais que beneficiem não apenas as economias, mas também as populações mais vulneráveis do mundo. O impacto dessa iniciativa será medido nos próximos anos, à medida que o G20 avança na implementação das ações discutidas.