Bolsonaro se pronuncia com firmeza e provoca Mauro Cid

Caio Tomahawk
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Em uma entrevista ao jornal O Globo, o ex-presidente Jair Bolsonaro, do Partido Liberal (PL), voltou a se posicionar sobre questões que ainda geram controvérsias no cenário político brasileiro, incluindo as alegações envolvendo seu ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid, e a famosa minuta golpista que teria sido elaborada com a intenção de contestar os resultados das eleições de 2022. O episódio ganhou destaque após o depoimento de Cid à Polícia Federal, no qual ele foi questionado sobre o papel que desempenhou na elaboração do documento que sugeriria ações para reverter o pleito.


Bolsonaro, que se mostrou indignado com as acusações, foi enfático ao negar qualquer envolvimento com a criação da minuta, desafiando seu ex-assessor a assumir a responsabilidade pelo que chamaram de um plano golpista. “O Cid que diga quem foi que preparou [a minuta]. Eu sempre fui contra qualquer tipo de ruptura institucional”, afirmou o ex-presidente, buscando dissipar qualquer dúvida sobre sua posição em relação à legalidade e à defesa das instituições democráticas. Para Bolsonaro, as acusações sobre um suposto golpe não fazem sentido, e ele se descreveu como alguém que, durante e após seu mandato, sempre respeitou a Constituição.


Na entrevista, Bolsonaro não hesitou em questionar a autenticidade do documento, sugerindo que a minuta era apenas um rascunho, sem valor real ou intenções práticas. Ele levantou dúvidas sobre o contexto em que o material teria sido criado e sobre a seriedade do plano, que ele considerou mais uma especulação do que um movimento concreto para mudar o resultado da eleição. “O que se fala é que tem um rascunho de um documento. Cadê esse documento?”, questionou, indicando que a inexistência de ações concretas tornava as acusações infundadas.


Outro ponto abordado na entrevista foi a questão do estado de sítio, uma medida que permitiria ao presidente suspender certos direitos e ter maior poder executivo em situações de emergência. Bolsonaro, ao ser questionado sobre a possibilidade de ter articulado um golpe ou medidas extremas, reafirmou que nunca tomou qualquer providência nesse sentido. Ele explicou que, para instaurar um estado de sítio, seria necessário convocar os conselhos da República e de Defesa Nacional, que são compostos por membros do Executivo, do Congresso Nacional e do Senado. No entanto, segundo Bolsonaro, nunca houve qualquer movimento nesse sentido, e o processo legal para uma medida dessa magnitude nunca foi iniciado. “Foi tomada alguma providência para convocar os conselhos? Não”, afirmou, defendendo que qualquer discussão sobre o estado de sítio sempre foi mera especulação, sem fundamento real.


Bolsonaro se posicionou ainda como defensor da legalidade, destacando que, em nenhum momento, tomou medidas para instaurar uma crise institucional ou realizar uma ruptura com o processo democrático. Ele criticou as acusações que visam associá-lo a um golpe, sugerindo que discutir a Constituição e suas interpretações nunca deveria ser considerado um crime. Para ele, o simples fato de considerar alternativas políticas ou questionar o status quo não justifica as acusações de um plano golpista, e tudo não passaria de uma tentativa de calar as vozes da oposição.


Além disso, o ex-presidente aproveitou a entrevista para reafirmar seu desejo de retornar ao cenário político brasileiro e disputar a presidência em 2026. Ele falou sobre a possibilidade de uma anistia, que, segundo ele, poderia reverter sua inelegibilidade e permitir que ele se candidatasse novamente ao cargo. A menção à anistia reflete a estratégia de Bolsonaro para recuperar seus direitos políticos, ao mesmo tempo que mantém um discurso de resistência à atual gestão e de busca por apoio no Congresso Nacional. Para o ex-presidente, a aprovação de um projeto de anistia seria um passo fundamental para possibilitar sua candidatura, e ele acredita que o Congresso deve se posicionar favoravelmente a essa questão, caso queira garantir sua participação no processo eleitoral futuro.


Essa ideia de retorno às urnas já gera debates intensos no Brasil. De um lado, apoiadores de Bolsonaro veem sua candidatura como uma possibilidade de renovação e uma oposição firme ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva. De outro, críticos alertam para o risco de uma polarização ainda mais acentuada, com a volta do ex-presidente ao cenário político. De qualquer forma, a possibilidade de uma candidatura de Bolsonaro é um tema que segue mexendo com a política brasileira, e a entrevista de ontem só aumentou o debate sobre seu futuro político.


Por fim, ao questionar o papel de seu ex-ajudante Mauro Cid e defender-se das acusações de que teria orquestrado um golpe, Bolsonaro procurou se posicionar como um defensor das instituições democráticas. Ao reafirmar seu compromisso com a Constituição e com as normas legais, ele busca limpar sua imagem e continuar sua trajetória política, seja através de um eventual retorno às eleições ou ao fortalecer sua posição como líder da oposição. A entrevista também deixou claro que o ex-presidente está disposto a combater as acusações que considera injustas e a manter seu projeto político para os próximos anos, com um olhar voltado para 2026.

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