O delegado da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Rivaldo Barbosa, foi interrogado nesta quinta-feira, 24 de outubro, no Supremo Tribunal Federal (STF), em conexão com a investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Durante o depoimento, Rivaldo negou qualquer envolvimento no crime e fez uma afirmação categórica: “Eu não mato uma formiga. Vou matar uma pessoa?”. Essa declaração foi uma tentativa de se distanciar das graves acusações que pesam sobre ele.
Rivaldo é o terceiro dos cinco réus a ser interrogado pela Suprema Corte no caso que repercute desde 2018, quando Marielle e Anderson foram assassinados em um crime que chocou o país. O desembargador Airton Vieira foi responsável por questionar o delegado sobre sua relação com a vereadora. Rivaldo elogiou Marielle, destacando que a conheceu por meio do ex-deputado estadual Marcelo Freixo, com quem trabalhou na Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Ele declarou: “Sou muito grato a Marielle por tudo que ela proporcionou para o profissional Rivaldo, para a Polícia Civil e para a sociedade como um todo”, referindo-se a ela como uma “pessoa sensacional”.
Entretanto, Rivaldo enfrenta acusações graves. Ele foi identificado como um dos mandantes do assassinato de Marielle na delação premiada do ex-policial Ronnie Lessa, que confessou ter participado do crime. Lessa também implicou outros dois indivíduos, o deputado federal Chiquinho Brazão e seu irmão, Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro. No STF, Rivaldo negou conhecer os irmãos Brazão, afirmando: “Por tudo que é mais sagrado na minha vida, nunca tive nenhuma relação pessoal, profissional, política, religiosa, espiritual, de lazer, transcendental com eles. Nunca tive nada com eles. Eles não existiam para mim e eu não existia para eles. Nossos caminhos eram diferentes.”
Os interrogatórios no STF começaram na última segunda-feira, 21 de outubro, e já contaram com os depoimentos de Domingos e Chiquinho Brazão. Após o interrogatório de Rivaldo, o próximo a ser ouvido será o major da Polícia Militar Paulo Pereira, seguido do policial Robston Calixto Fonseca. Este procedimento é uma etapa padrão em ações penais, permitindo que os réus apresentem suas versões sobre os fatos.
Após todos os interrogatórios, as partes envolvidas — acusação e defesa — terão cinco dias para solicitar outras diligências. Depois disso, um prazo de 15 dias será concedido para a apresentação das alegações finais, que são as últimas manifestações no processo. Somente após essa fase o caso estará pronto para julgamento.
O assassinato de Marielle Franco se tornou um símbolo da luta contra a violência e a impunidade no Brasil, e a continuidade das investigações é acompanhada de perto por um público que clama por justiça. O envolvimento de figuras públicas como Rivaldo Barbosa e os irmãos Brazão traz à tona questões complexas sobre a corrupção e a influência no sistema de segurança pública do país.
A pressão por respostas e justiça em relação a esse caso permanece alta, e o desenrolar dos interrogatórios no STF é crucial para a busca de esclarecimentos. A sociedade brasileira aguarda ansiosamente um desfecho que possa trazer justiça para Marielle Franco e Anderson Gomes, enquanto o processo legal avança para suas próximas etapas. A continuidade das audiências e o eventual julgamento prometem expor ainda mais a intricada rede de relações que cercam o caso, revelando as conexões entre os envolvidos e suas implicações no cenário político e social do Brasil.
O impacto do caso de Marielle vai além de sua trágica morte, refletindo as tensões sociais e políticas atuais, e a luta por direitos e igualdade que a vereadora representava. O desfecho deste processo pode servir como um importante precedente no combate à violência e à corrupção no país, e a sociedade continua atenta aos desdobramentos que se seguirão.