O presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarca neste domingo para a Rússia, onde participará da 16ª Cúpula do Brics, programada para ocorrer em Kazan entre os dias 22 e 24 de outubro. A viagem contará com a presença de ministros e terá um jantar de boas-vindas oferecido pelo presidente russo, Vladimir Putin, no dia 22. Durante a cúpula, Lula buscará apoio da Rússia e da China para promover uma reforma no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, proposta que considera essencial para adaptar a organização às novas realidades globais.
Lula ressaltará a importância de implementar essa reforma até 2025, ano em que a Carta das Nações Unidas completará 80 anos. Para o presidente brasileiro, a reformulação deve incluir a ampliação do número de membros com poder de veto no Conselho de Segurança, atualmente restrito a cinco países: França, Reino Unido, Estados Unidos, Rússia e China. Ele acredita que o apoio de Moscou e Pequim é crucial para que o Brasil tenha uma chance real de se tornar um membro permanente do Conselho, embora esses países tenham mostrado resistência a essa proposta até o momento.
Por outro lado, França e Estados Unidos têm demonstrado uma postura mais favorável à inclusão do Brasil como membro permanente. Outros países, como Alemanha e Japão, também reivindicam sua entrada no grupo, juntamente com nações como África do Sul e Índia, que estão na mesma luta por um assento no Conselho.
Além dos debates sobre o Conselho de Segurança, a cúpula também abordará a possibilidade de uma moeda unificada entre os países do Brics. Durante uma entrevista recente, Putin afirmou que a ideia de uma moeda única é prematura, pois requer um nível elevado de integração entre os membros. O líder russo enfatizou que os países do Brics devem avançar gradualmente nesse processo e reiterou a intenção da Rússia de fortalecer o novo banco do grupo, visando criar um contrapeso ao Ocidente nas esferas política e comercial.
Lula também planeja discutir a situação do conflito entre Rússia e Ucrânia durante sua visita. Em maio, Brasil e China apresentaram uma proposta conjunta para um acordo de paz que prevê a participação dos governos russo e ucraniano nas negociações. O presidente brasileiro acredita que a Rússia não pode ser excluída das discussões que visam uma solução pacífica para o conflito, e a proposta foi formalizada em uma reunião em Pequim, entre Celso Amorim, chefe da assessoria de assuntos internacionais da Presidência, e o chanceler chinês, Wang Yi.
A viagem a Kazan ocorre em um momento em que o Brasil se prepara para assumir a presidência do Brics em 2025, o que representa uma oportunidade estratégica para o país. Lula tem enfatizado que sua administração está comprometida em fortalecer a presença brasileira em fóruns internacionais e colaborar com outras nações para enfrentar os desafios globais.
Em relação aos detalhes logísticos da viagem, Lula utilizará um avião Airbus 330-200, designado pela Força Aérea Brasileira como KC30. Esta aeronave foi escolhida após um incidente com o avião presidencial durante uma viagem ao México no início do mês. O KC30 está também em uso para repatriar brasileiros do Líbano, que buscam retornar ao país em meio a conflitos no Oriente Médio.
Com uma agenda repleta de questões importantes, Lula terá a oportunidade de apresentar a visão do Brasil para um mundo mais multipolar, onde a colaboração entre nações emergentes é fundamental. A cúpula do Brics em Kazan não apenas será um espaço para discutir a reformulação do Conselho de Segurança da ONU e a situação na Ucrânia, mas também um momento para reafirmar o compromisso do Brasil com a integração regional e global.
A participação de Lula na cúpula é um marco importante para a política externa brasileira, que busca se afirmar em um cenário internacional cada vez mais complexo. O encontro em Kazan poderá abrir portas para novas parcerias e fortalecer laços entre os países que compõem o bloco, além de permitir um diálogo mais amplo sobre temas que afetam diretamente a estabilidade global. Assim, o Brasil se posiciona como um ator relevante nas discussões sobre a governança internacional e a construção de um futuro mais equilibrado e justo para todos os povos.