A Polícia Federal afirma que Gustavo Gayer é a principal figura de um esquema destinado ao desvio de verbas parlamentares

Caio Tomahawk
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A Polícia Federal investiga o deputado Gustavo Gayer, do PL-GO, por sua suposta centralidade em uma organização criminosa voltada ao desvio de verbas parlamentares. Na última sexta-feira, a PF executou um mandado de busca e apreensão em sua residência, como parte de uma operação que investiga crimes como desvio de dinheiro público, falsificação de documentos e associação criminosa.


De acordo com o delegado Leonardo Américo Angelo Santos, a investigação revela a existência de um grupo estruturado, com divisão de tarefas, que operava dentro do ambiente político para redirecionar verbas que deveriam ser utilizadas de forma legítima. O delegado descreve Gayer como a figura-chave da organização, destacando que ele tinha a última palavra nas decisões relacionadas aos recursos.


O processo de investigação teve início em 23 de setembro, quando a PF solicitou a busca. O pedido foi aprovado pela Procuradoria-Geral da República em 3 de outubro e, posteriormente, autorizado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, no dia 18 de outubro. A apuração aponta que Gayer pode ter utilizado recursos da cota parlamentar para fins pessoais, como o funcionamento de sua escola de inglês, Gayer e Gayer Idiomas, utilizando um espaço alugado com verba pública.


As investigações revelaram que o local alugado servia não apenas para a escola, mas também para atividades relacionadas a uma loja de produtos diversos chamada Desfazueli. Os indícios de irregularidade foram corroborados por mensagens entre assessores de Gayer, nas quais se discute a utilização de recursos públicos para atividades não autorizadas. Um dos assessores expressou preocupação sobre a situação, enfatizando que a escola estava sendo financiada com dinheiro público e que havia uma clara discrepância entre as práticas do deputado e a imagem que ele promovia.


A PF também identificou a contratação irregular do assessor João Paulo de Sousa Cavalcante, que, segundo a investigação, pode ter cometido peculato ao burlar a legislação que impede sua contratação direta. Em vez de contratá-lo formalmente, Gayer teria utilizado a empresa Goiás Online, que prestava serviços ao gabinete, como uma fachada para essa contratação. As atividades da Goiás Online, embora apresentadas como publicidade e marketing, na realidade envolviam a prestação de assessoria parlamentar, conforme apontam os registros da investigação.


A coleta de evidências incluiu a apreensão do celular do deputado durante a operação, o que pode trazer à tona mais informações sobre sua atuação e a estrutura da organização criminosa. Em um vídeo publicado em suas redes sociais, Gayer se defendeu, negando qualquer irregularidade e acusando a PF e o ministro Alexandre de Moraes de tratarem-no como um criminoso. Ele declarou que nunca cometeu qualquer crime e expressou sua indignação em relação à operação.


Os indícios levantados pela Polícia Federal sugerem que a estrutura da organização envolvia tanto o uso indevido de verbas públicas quanto a manipulação de documentos para encobrir as irregularidades. Os depoimentos de assessores e as mensagens trocadas entre eles evidenciam uma clara preocupação com a legalidade das ações do deputado e a utilização de recursos destinados a finalidades específicas.


A investigação de Gayer ocorre em um contexto mais amplo de combate à corrupção e à má utilização de verbas públicas, com a PF intensificando esforços para desmantelar esquemas que envolvem agentes políticos. A figura do deputado, como representante do povo, traz uma camada adicional de gravidade à situação, já que a confiança pública e a integridade das instituições são comprometidas quando representantes eleitos se envolvem em atividades ilícitas.


Diante dos novos desdobramentos, a expectativa é que a investigação avance e que mais detalhes venham à tona, incluindo a possível responsabilização de outros envolvidos na organização. A continuidade do processo poderá trazer não apenas consequências legais para Gayer, mas também reflexos na imagem do seu partido e no cenário político em geral. As próximas etapas da investigação serão fundamentais para determinar o alcance das irregularidades e as implicações que elas terão para todos os envolvidos.

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