Na manhã desta segunda-feira (2), a ex-primeira-dama e atual presidente nacional do PL Mulher, Michelle Bolsonaro, usou as redes sociais para rebater dois textos da coluna assinada por Bela Megale no jornal O Globo. As publicações sugeriam um possível papel de Michelle em episódios que envolvem questões políticas e familiares ligadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro e ao governador de Goiás, Ronaldo Caiado, além de uma suposta tensão envolvendo seu irmão, Eduardo Torres, durante um evento recente.
Um dos textos apontava que aliados de Ronaldo Caiado estariam atribuindo à ex-primeira-dama a responsabilidade pela dificuldade de reconciliação entre o governador goiano e o ex-presidente Bolsonaro. Segundo a coluna, Michelle teria influenciado Bolsonaro a manter distância de Caiado, impedindo qualquer tentativa de reaproximação entre os dois líderes políticos. Essa narrativa ganhou espaço no contexto de um ambiente político marcado por alianças instáveis e embates que têm reverberado em todo o cenário nacional.
A outra publicação da colunista relatava um suposto “climão” envolvendo Eduardo Torres, irmão de Michelle Bolsonaro, durante um evento do ex-presidente no Rio de Janeiro. De acordo com Bela Megale, prefeitos presentes teriam demonstrado desconforto com a participação de Eduardo no evento, sugerindo que sua presença gerou constrangimentos e comentários entre os presentes.
Diante das alegações, Michelle Bolsonaro não se calou. Em uma resposta direta e carregada de ironia, ela utilizou suas redes sociais para desmentir as informações e questionar a credibilidade das fontes usadas pela colunista. "Fonte (furada) detectada com sucesso", escreveu a ex-primeira-dama, reafirmando sua postura crítica em relação ao jornal e à colunista. A declaração foi acompanhada por manifestações de apoio de seus seguidores, que frequentemente criticam a imprensa por alegada parcialidade em reportagens que envolvem o clã Bolsonaro.
Essa não é a primeira vez que Michelle Bolsonaro entra em atrito com a mídia ou desafia publicamente colunistas e veículos de comunicação. Desde sua ascensão à presidência do PL Mulher, ela tem adotado um papel ativo na defesa da família Bolsonaro e de seus próprios posicionamentos. Sua postura incisiva tem conquistado um público fiel entre os apoiadores do ex-presidente, ao mesmo tempo em que intensifica a polarização nas redes sociais e no debate público.
A relação entre Jair Bolsonaro e Ronaldo Caiado, mencionada na coluna de Megale, é um capítulo à parte. Ambos já foram aliados próximos, mas a convivência política sofreu desgastes ao longo dos últimos anos, especialmente durante a pandemia de Covid-19, quando divergências públicas sobre medidas de combate ao vírus se tornaram notórias. A suposta intervenção de Michelle nesse contexto, no entanto, é desmentida por ela e vista como mais uma tentativa de desviar o foco das questões centrais enfrentadas pelo cenário político.
Já a menção a Eduardo Torres traz outro elemento delicado para o núcleo familiar de Michelle. O envolvimento de parentes em eventos políticos e sua influência dentro da dinâmica de poder sempre foram temas sensíveis e frequentemente explorados pela imprensa. Michelle, no entanto, tem procurado reforçar a narrativa de que sua família não interfere nas decisões do ex-presidente ou do partido, rejeitando quaisquer insinuações de favorecimento ou tensões internas.
As respostas de Michelle aos textos de Bela Megale destacam um ponto de tensão maior: o confronto entre lideranças políticas e a cobertura midiática. Para analistas, sua reação evidencia uma estratégia de comunicação direta com a base bolsonarista, que se alimenta da desconfiança em relação à mídia tradicional e busca reafirmar sua posição contra o que considera ataques injustos e tendenciosos.
A polêmica também reacende debates sobre a responsabilidade dos veículos de comunicação em apurar informações antes de publicá-las e o direito de resposta das figuras públicas. Enquanto Michelle questiona a credibilidade das fontes usadas pela colunista, os textos de Bela Megale refletem um padrão comum no jornalismo político: o uso de informações de bastidores e relatos de fontes anônimas para dar forma a narrativas sobre dinâmicas de poder.
Para além das polêmicas, Michelle Bolsonaro segue consolidando sua posição como uma figura de destaque no PL Mulher e na política nacional. Desde que assumiu a liderança da ala feminina do partido, tem trabalhado para ampliar sua influência e construir uma imagem de liderança ativa e combativa. Sua resposta aos textos de Bela Megale demonstra que ela está disposta a enfrentar qualquer crítica, reforçando o vínculo com sua base de apoio e se posicionando como uma voz forte dentro do movimento bolsonarista.
Enquanto as declarações de Michelle ecoam nas redes sociais e na mídia, o episódio é mais um exemplo do ambiente de tensão e polarização que caracteriza o cenário político brasileiro. A troca de farpas entre a ex-primeira-dama e a colunista de O Globo reflete um cenário em que a disputa por narrativas se torna tão importante quanto os próprios eventos que as inspiram. O desfecho dessa história ainda está por vir, mas uma coisa é certa: Michelle Bolsonaro não parece disposta a recuar.
