O presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou nesta terça-feira (3) que, em parceria com a Arábia Saudita, organizará uma conferência internacional sobre a criação de um Estado palestino. O evento está previsto para ocorrer em junho de 2025 e visa impulsionar discussões sobre a solução de dois Estados como caminho para a resolução do conflito entre Israel e Palestina.
O anúncio foi feito durante a visita oficial de Macron à Arábia Saudita, onde ele destacou a importância de fortalecer iniciativas diplomáticas para alcançar um consenso global em torno da questão palestina. Embora a França ainda não reconheça formalmente a Palestina como um Estado, Macron afirmou que tal reconhecimento pode ocorrer futuramente, desde que promova um avanço recíproco nas relações entre as partes envolvidas. “Há uma vontade de fazê-lo, mas quando for útil, quando provocar movimentos recíprocos de reconhecimento”, declarou o presidente francês.
Macron não revelou detalhes sobre o local da conferência, mas expressou sua expectativa de que o encontro ajude a multiplicar as iniciativas diplomáticas nos próximos meses. Segundo ele, o objetivo principal é alinhar esforços globais para promover a coexistência pacífica e garantir segurança tanto para os palestinos quanto para Israel. Ele enfatizou que a solução de dois Estados, que prevê a criação de um Estado palestino ao lado de Israel, é essencial para alcançar a estabilidade na região. “Devemos convencer que a solução de dois Estados também é relevante para Israel”, destacou.
A escolha da Arábia Saudita como parceira na organização do evento reflete o papel estratégico do país no Oriente Médio e seu crescente envolvimento em questões regionais. Nos últimos anos, a Arábia Saudita tem buscado equilibrar suas relações com os Estados Unidos, Israel e os países árabes, enquanto tenta se posicionar como mediadora em conflitos sensíveis. O apoio saudita à conferência pode ser visto como um sinal de comprometimento em buscar uma solução diplomática para o conflito israelo-palestino.
A solução de dois Estados é uma proposta defendida por diversos líderes mundiais e organismos internacionais, mas enfrenta desafios significativos, incluindo a contínua expansão de assentamentos israelenses na Cisjordânia, as divisões internas entre facções palestinas e as preocupações de segurança de Israel. Além disso, o cenário político atual na região é marcado por tensões e desconfiança, o que torna qualquer progresso mais complexo.
A iniciativa de Macron ocorre em um momento de crescente atenção global ao conflito entre israelenses e palestinos, agravado por episódios recentes de violência e pela deterioração das condições de vida nos territórios palestinos. A conferência proposta para 2025 surge como uma tentativa de revitalizar negociações que estão estagnadas há anos. Para muitos analistas, a iniciativa também demonstra a ambição da França em desempenhar um papel mais relevante na diplomacia internacional, particularmente no Oriente Médio.
Embora a proposta da conferência tenha gerado expectativas, ela também enfrenta ceticismo. Alguns críticos argumentam que encontros internacionais, sem compromissos concretos das partes envolvidas, podem acabar como exercícios simbólicos, sem resultados práticos. No entanto, apoiadores da ideia acreditam que o evento pode oferecer uma plataforma para discussões multilaterais, facilitando o diálogo entre os atores-chave e abrindo caminho para futuros acordos.
A comunidade internacional, incluindo as Nações Unidas, tem insistido na necessidade de uma solução duradoura para o conflito, baseada no respeito aos direitos de ambos os povos. No entanto, as divisões políticas internas entre palestinos, com o Fatah controlando a Cisjordânia e o Hamas governando Gaza, complicam ainda mais a implementação de qualquer solução negociada. Por outro lado, o apoio de países influentes, como a França e a Arábia Saudita, pode ser fundamental para criar as condições necessárias para avanços concretos.
Além disso, Macron destacou que o reconhecimento de um Estado palestino precisa ser acompanhado por garantias de segurança para Israel. A França, segundo ele, busca promover um equilíbrio que satisfaça ambas as partes, reconhecendo as legítimas aspirações dos palestinos enquanto assegura a proteção de Israel contra ameaças externas e internas.
O presidente francês concluiu sua declaração reafirmando o compromisso da França com a paz e a estabilidade no Oriente Médio. Para ele, o momento atual exige liderança e ação diplomática coordenada, e a conferência planejada para 2025 pode ser um marco importante nesse sentido. A iniciativa, se bem-sucedida, poderá abrir caminho para uma nova fase no relacionamento entre Israel e Palestina, fundamentada no diálogo e no respeito mútuo.
