Mesmo inelegível, Bolsonaro pode disputar em 2026? Entenda o processo.

Caio Tomahawk
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 Candidatura de Jair Bolsonaro em 2026: Trâmite no TSE pode garantir até três semanas de campanha


O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) poderá registrar sua candidatura à presidência em 2026 mesmo estando inelegível, segundo explicou Henrique Neves, ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em entrevista à CNN. De acordo com Neves, o rito do TSE prevê que o pedido de registro seja analisado pelo plenário, impedindo qualquer decisão sumária ou monocrática. Esse processo pode levar até três semanas, período em que Bolsonaro poderia realizar campanha, usar recursos do Fundo Partidário e aparecer na propaganda eleitoral como candidato.


Rito processual do TSE garante prazo ao candidato


Henrique Neves detalhou que o TSE não pode julgar monocraticamente o pedido de registro de candidatura de um político, mesmo que ele esteja inelegível. A análise passa obrigatoriamente pelo plenário do tribunal, que decide a legalidade da candidatura. Durante esse período, um eventual pedido de impugnação feito pelo Ministério Público Eleitoral ou por adversários políticos será avaliado. Até que o julgamento seja concluído, o candidato mantém seus direitos eleitorais ativos.


O ex-ministro comparou a situação de Bolsonaro com a vivida por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2018. Naquele ano, mesmo preso, Lula conseguiu registrar sua candidatura e realizar campanha por cerca de três semanas, enquanto o TSE analisava os pedidos de impugnação. Quando o registro foi negado, o Partido dos Trabalhadores substituiu Lula por Fernando Haddad como cabeça de chapa.


Para Neves, esse intervalo é uma consequência natural do rito processual do tribunal e tem como objetivo garantir que todos os casos sejam julgados com imparcialidade e dentro dos prazos estabelecidos. “Até que a decisão do plenário seja publicada e o trânsito em julgado ocorra, o candidato mantém sua condição de concorrente”, afirmou.


Impacto político e estratégia do PL


A possibilidade de Bolsonaro concorrer por algumas semanas em 2026 tem gerado discussões no cenário político. Mesmo inelegível após condenação no caso das fake news contra as urnas eletrônicas, apoiadores do ex-presidente, conhecidos como bolsonaristas, insistem na tese de que ele será o candidato do Partido Liberal (PL) na próxima eleição presidencial.


Caso o plenário do TSE rejeite o registro de Bolsonaro, o PL poderá adotar a estratégia de substituí-lo por outro nome. Em 2018, o PT utilizou essa mesma abordagem, lançando Fernando Haddad no lugar de Lula após a decisão do tribunal. Nos bastidores, especula-se que o PL já estaria avaliando alternativas para garantir a continuidade da campanha em caso de uma decisão desfavorável.


A dúvida sobre a viabilidade da candidatura de Bolsonaro também serve como combustível para manter a base bolsonarista mobilizada e confiante em um cenário eleitoral incerto. Analistas apontam que, mesmo que o ex-presidente não consiga disputar o cargo, sua presença nas primeiras semanas de campanha pode influenciar significativamente a estratégia do partido, garantindo visibilidade e mantendo o discurso político alinhado à sua liderança.


A possível candidatura temporária de Bolsonaro também reacende debates sobre os limites do sistema eleitoral brasileiro e a interpretação das regras de inelegibilidade. Juristas e especialistas afirmam que a legislação permite o registro de candidaturas em casos como este, mas ressaltam que a duração do processo depende da complexidade das ações e da celeridade com que o plenário do TSE analisa os casos.


Desdobramentos para a eleição de 2026


A candidatura de Bolsonaro, mesmo que temporária, tem potencial para alterar o panorama político de 2026. Durante as semanas em que poderia fazer campanha, o ex-presidente teria espaço para divulgar suas propostas, criticar adversários e reforçar sua influência dentro da base eleitoral. Isso pode complicar as estratégias de outros partidos, que precisarão lidar com a incerteza sobre a permanência de Bolsonaro na disputa.


Além disso, a substituição de um candidato às vésperas da eleição pode trazer desafios logísticos e comunicacionais para o PL. Caso o partido precise lançar um novo nome, o sucessor terá pouco tempo para consolidar sua candidatura e transferir a popularidade de Bolsonaro para si. Apesar disso, a base bolsonarista já demonstrou capacidade de adaptação em situações adversas, o que pode ser um trunfo para o partido.


Por outro lado, críticos afirmam que o uso dessa estratégia pode confundir eleitores e comprometer a transparência do processo eleitoral. A oposição, por sua vez, poderá explorar a incerteza em torno da candidatura de Bolsonaro para questionar a organização e a unidade do campo bolsonarista.


Enquanto o desfecho sobre a candidatura de Bolsonaro permanece incerto, uma coisa é clara: o PL terá que se preparar para diferentes cenários e, possivelmente, repetir a estratégia usada pelo PT em 2018. A análise do TSE será acompanhada de perto por todos os setores da política brasileira, com implicações que vão muito além das três semanas de trâmite previstas pelo tribunal.


Em um cenário polarizado, a decisão sobre o registro de Bolsonaro será um dos principais acontecimentos das eleições de 2026, com impacto direto na dinâmica da campanha e na definição dos rumos políticos do país.

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